Alberto Malaspina é o patriarca da Família Malaspina.

Os vários ramos da família Malaspina, descendem, todos, da casa de Obertenghi, cujo primeiro fundador foi Oberto I, conde Palatino no século X, e marquês de Marca oriental da Ligúria.
Os descendentes de Oberto deram origem a várias casas. Entre as mais famosas estão a Pallavicini, Este, Brunswick e Hannover, e também Massa, Gavi e Parodi.
O nome Malaspina apareceu pela primeira vez na história em 1130.
Os Malaspina fazem parte de uma família italiana ilustre, senhores feudais do Império, soberanos de Lunigiana durante oito séculos, cuja origem remonta ao século IX, quando Bonifácio I chegou à Itália com Carlos Magno, em 813. O rei concedeu a Toscana a Bonifácio, de onde estendeu sua influência até a Ligúria e a Córsega.
Bonifácio II, seu filho, que também era Marquês da Toscana, Conde de Lucca e prefeito da Córsega, ganhou fama no Mediterrâneo através da participação em várias expedições contra os mouros na Córsega e no norte da África. Ele fundou a cidade de Bonifácio em 833. Seu filho Adalberto, participou das guerras na Itália e capturou o Papa João VIII antes de se reconciliar com ele e ser nomeado administrador e defensor do patrimônio papal. Em 884, fundou o mosteiro de Saint Caprasio em Aulla. Adalberto II, seu filho chamado “Il Ricco”, casou-se com Bertha, filha de Lotário II e bisneta de Carlos Magno. Quando morreu em 915, o corpo foi enterrado na catedral de Lucca. Ele decidiu abandonar a lei de Sucessão da Baviera a favor da lei Lombarda. Ele foi sucedido por seu filho Guido, que se casou com Marozia, amante do papa Sérgio III. De seu caso de amor nasceu o futuro Papa João XI.
Com o marido ela havia aprisionado o Papa João X e obrigou-o a testemunhar o assassinato de seu irmão. Marozia é o símbolo deste período papal sombrio chamado de pornocracia, em que vários Papas eram, na verdade amantes e fantoches desta mulher. Quando Guido da Toscana morreu, ela se casou com um de seus cunhados, Hugo de Arles. Enquanto Lamberto, o outro irmão de Guido, sucedeu-o como Marquês da Toscana e Conde de Lucca. Em 13 de abril de 945, uma sentença nomeou Oberto – descendente de Lamberto – Duque de Spoleto, Marquês de Milão, Conde de Luni e conde Palatino, o título mais elevado de então, concedido apenas para os mais fiéis combatentes. Assim fez esses senhores os representantes da autoridade imperial. O território de Oberto estendeu-se sobre toda a Lombardia, uma parte da Suíça, Emília, uma parte de Piemonte, Ligúria e da Toscana bem como Lunigiana. Em 951, Oberto foi elevado à dignidade de senhor da Ligúria Oriental e enviado a Otto I pelo papa para pedir-lhe para libertar a Itália a partir do Rei Berenger II. Otto I, Primeiro Imperador do Sacro Império Romano Germânico, concedeu-lhe muitos privilégios, incluindo o direito de cunhar moedas. Oberto foi enviado mais tarde a Constantinopla para escoltar Theofania, sobrinha de Giovanni I, imperador do Oriente, até a Catedral de São Pedro para o seu casamento com Otho II. Oberto foi o primeiro da dinastia de Obertenghi, que ganhou fama junto a vários soberanos ao longo dos séculos. Alguns séculos mais tarde, os diferentes ramos da casta tornaram-se as Casas de Este, de Massa – e de Massa e Córsega – Parodi, Gavi, Pallavicino, de Cavalcabo e dos príncipes de Brunswick e Hanover, cujos vários descendentes reinam, ainda hoje, sobre a Europa.
Os dois filhos de Oberto, Adalberto I e Oberto II, administraram em conjunto os municípios de Luni, Genova, Tortona, mesmo possuindo direitos de Parma, Piacenza, Bobbio, Lavagna e Borgotaro. Adalberto teve dois filhos: Oberto, que deu origem à dinastia dos Pallavicini, e Adalberto dos quais nasceram o Marquês de Gavi e Massa-Parodi. Oberto II, filho de Oberto I e irmão de Adalberto I, teve quatro filhos: Berta, que se casou com Arduino, rei da Itália, em 1002; Hugo que era Conde de Milão; Alberto Azzo cujos descendentes fundaram a Casa do Este e Brunswick. Finalmente, Oberto Obizzo, pai e fundador da dinastia Malaspina, que estava presente com seu irmão Alberto Azzo na coroação do imperador Henrique II em Roma em fevereiro de 1014.
O primeiro a levar o nome de Malaspina foi Alberto, bisneto de Oberto Obizzo, em meados do século XII. Um grande orador, bem como um excelente militar, era próximo do Imperador, a quem seguiu em sua guerra contra os saxões, antes de eventualmente juntar-se ao Papa Pascoal II. Ele provavelmente foi o fundador do eremitério de Santo Alberto di Butrio, perto de Oramala, que ele teria feito para agradecer o Santo Alberto pela cura de seu filho, que nasceu surdo e mudo. Um afresco dentro do eremitério presta homenagem à família Malaspina pelo seu papel na história deste lugar. O castelo de Oramala é retratado lá, assim como o marquês Alberto, ajoelhado, fazendo uma oferta à Virgem e ao Menino Jesus. Sob o afresco, um brasão do marquês permite identificá-lo.

Obizzo Malaspina

Obizzo I “O Grande”, seu filho, foi um dos primeiros Malaspina a tornar-se famoso por sua coragem e força no campo de batalha. No início do século XII empreendeu a conquista de vastos territórios na Lunigiana e no Vale do Pó. Um senhor rico e poderoso reinando sobre um vasto feudo que se estende por ambos os lados da Montanha dos Apeninos e no Vale de Trebbia, o Vale Staffora, Ligúria e Toscana, Obizzo foi também um precursor da luta contra as cidades italianas que estavam começando a reivindicar a sua autonomia a partir do século XII graças ao desenvolvimento do comércio, das trocas e das cidades-mercado. As terras de Obizzo foram então cercadas por cidades como Gênova, Piacenza e Tortona que ameaçavam a existência de seu feudo através de seus projetos na Lunigiana. Ele teve que lutar contra os genoveses e os bispos de Luni e, em 1113, conseguiu ganhar uma saída para o mar, graças à ocupação de Porto Venere na costa da Ligúria. Ele finalmente se juntou à Liga Lombarda e se tornou um dos seus líderes na luta contra a vontade hegemônica do Imperador, continuando a sua luta contra Pisa, Lucca, Génova e Piacenza. Em 1155, Obizzo organizou a resistência de Tortona contra o imperador Frederico I – Barbarossa. Este último triunfou e destruiu a cidade, mas, admirador das qualidades de Obizzo ofereceu-lhe para lutar com ele e em 29 de setembro de 1164 concedeu-lhe a investidura em Pavia, para ele e seus filhos, inúmeros feudos na Lombardia, Piemonte, Ligúria e Emilia.
Em 1167, ao retornar a Roma o imperador se viu bloqueado pelos exércitos de Pontromeli e Obizzo intercedeu para protegê-lo, abrindo-lhe uma passagem através dos Apeninos.
Alguns anos mais tarde, Obizzo mudou novamente de lado e lutou com a Liga Lombarda contra o Imperador que estava de volta na Itália. Em 1183, com os mais influentes senhores italianos da época, juntou-se à Paz de Costanza, que reconheceu a independência das cidades italianas e a soberania imperial sobre elas. Obizzo morreu em 1185, e seus dois filhos Obizzone e Moroello herdaram sua imensa propriedade. Por algum tempo, eles continuaram a lutar e ganharam os feudos pertencentes à Casa de Este – um ramo primo – bem como a Sardenha. Mais tarde assinaram um tratado de paz com Piacenzia e outro com os bispos de Luni em 1202, reconhecendo todos os seus bens em Lunigiana. O terceiro filho de Obizzo, Alberto, chamado “Moro”, ficou na Lombardia no Castelo de Oramala, chamado “O ninho dos falcões”, no vale de Staffora. Em 1194, com o tratado de paz em Piazencia, ele obteve o Castelo Grondola em Lunigiana. Casou-se com Beatrice, a filha do poderoso Marquês de Montferrato, cuja beleza foi cantada pelos trovadores da época. Alberto era um homem amado, um amante da poesia, que hospedou em seu castelo os mais famosos trovadores provençais de seu tempo que haviam fugido do sul da França.

Corrado Malaspina

Em 28 de agosto de 1221 em Piacenza, Corrado, filho de Obizzone e, Obizzino, neto de Moroello, decidiu dividir o feudo do pai: Corrado tem as terras da margem direita do rio Magra em Lunigiana – Villafranca mais o território do Vale de Trebbia e manteve o emblema da família do Spino Secco, estabelecendo sua capital em Mulazzo. Obizzino manteve as terras na margem esquerda do Vale de Magra mais de Staffora. Fundada Filattierra, que deu origem ao ramo do Spino Fiorito.
O acordo foi aceito pelo Imperador Frederico II, que, voltando de Roma, parou em Lunigiana. A posse foi muito mais fácil de conseguir pois Corrado tinha se casado com Constança, filha de Frederico II.
Por causa das muitas divisões entre os descendentes dos dois marqueses, consequência da aplicação da Lei Lombarda, surgiram inúmeros outros feudos. Desde 1266, os filhos de Constance e Corrado dividiram a propriedade Spino Secco em quatro estados: Giovagallo, Mulazzo, Villafranca e Trebbia. Na outra margem do Magra, o primeiro ramo (os filhos de Obizzino) já tinham dividido o território do Spino Fiorito em três feudos: Olivola, Verrucola e Filattierra.

 

Dante Alighieri

“ La fama che la vostra casa onora, grida i segnori e grida la contrada, sì che ne sa chi non vi fu ancora; e io vi giuro, s’io di sopra vada, che vostra gente onrata non si sfregia del pregio de la borsa e de la spada” .

Mas da Europa em que parte a excelsa fama dos feitos vossos não tem eco ingente? A glória que o solar vosso proclama. Honra o domínio, honra os seus senhores. Quem nunca os viu, louvores seus aclama. Juro, e tão certo eu veja os esplendores do céu, que a vossa raça guarda intatos da opulência e bravura, altos primores”.

Dante, em seu encontro com Corrado Malaspina. A Divina Comédia, “Purgatório”, Canto VIII.